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Expedição Piracicaba chega a foz em Ipatinga

A primeira etapa da Expedição Piracicaba foi encerrada em 5 de junho, em Ipatinga, no Vale do Aço, data em que é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Os integrantes chegaram à cidade em duas equipes, Terra e Água. Enquanto a primeira participou de uma solenidade de encerramento com autoridades e comunidade local, no Parque Ipanema, a segunda promoveu o ato simbólico de despejar a água cristalina da nascente do Piracicaba na foz, no encontro com o Rio Doce, onde o curso d’água encontra-se bastante poluído.
O objetivo foi chamar a atenção para a degradação do rio provocada pelo homem ao longo dos 241 quilômetros do seu leito. Cerca de dois litros de água foram recolhidos no início da expedição, na nascente do Piracicaba. No Parque Ipanema outro ato simbólico foi realizado. No palco da cerimônia, o capitão Átila Porto, da Polícia Militar de Meio Ambiente (PM Mamb), o coordenador da expedição, Geraldo Magela Gonçalves – Dindão, e o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba (CBH-Piracicaba), Flamínio Guerra, brindaram e beberam a água captada no marco zero do rio, demonstrando que ele oferece água de qualidade.

Saga

Durante os 11 dias de navegação os participantes vivenciaram diferentes experiências relacionadas ao rio e suas comunidades, além de observarem a situação em que o Piracicaba se encontra, desde a nascente, em Ouro Preto até o encontro com o Rio Doce, em Ipatinga.

Pesquisadores, ambientalistas, órgãos públicos e empresas se uniram para que um diagnóstico inédito sobre as condições do Piracicaba e sua bacia hidrográfica fosse levantado. A partir dos dados coletados serão estudados parâmetros hidrológicos e de qualidade da água, micro contaminantes, uso e ocupação do solo, análise de sedimentos e identificação de fontes poluidoras.

Foram demarcados 28 pontos de coleta ao longo do percurso de 241 quilômetros, onde vivem cerca de um milhão de pessoas. Durante a viagem, feita em caiaques e veículos, os expedicionários passaram por 21 cidades e mobilizaram cerca de 20 mil pessoas em eventos voltados para as questões socioambientais relacionadas à sustentabilidade do Rio Piracicaba.

Transformação das águas

Acompanhando a expedição desde o início, o analista ambiental do Igam Allan Oliveira Motta pode observar os impactos da ocupação desordenada da bacia. Segundo ele, em sua nascente, na região do Alto Piracicaba, a água é gelada e cristalina. Também foi possível observar uma fauna e flora abundante em alguns pontos do percurso. No entanto, ao longo do trajeto, principalmente próximo às manchas urbanas, a água perde qualidade e volume devido ao assoreamento, lançamento de esgoto sem tratamento, descarte indevido de lixo – principalmente de recicláveis, como plásticos e pneus –, desmatamento de matas ciliares, entre outros impactos ambientais.

O analista destaca que a população se mostrou muito engajada com as ações da expedição e preocupada com a preservação do rio. “Fomos muito bem recebidos nos municípios que passamos. A expedição está mobilizando bastante as comunidades locais. Elas têm gostado muito de nos receber e participar das ações promovidas”, conta.

Sustentabilidade do Rio Piracicaba

Relevante para futuras ações na Bacia do Piracicaba, o diagnóstico realizado pela expedição destacará a importância da sustentabilidade do rio. A sua preservação é essencial para todos, já que envolve as mais diversas áreas como: turismo, cultura e gestão das águas. “O conceito da expedição apresenta a situação do rio, do ponto de vista técnico e da qualidade da água, e ainda promove a aproximação da sociedade com as ações do Comitê de Bacia”, afirmou o diretor de Gestão e Apoio ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Igam, Thiago Santana.
Idealizador do projeto e editor do periódico “Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio”, Dindão ressalta que “a Expedição Piracicaba irá desenvolver um ótimo trabalho para toda a bacia, com o compromisso de compor um retrato inédito de um dos principais afluentes do Rio Doce”.

Outros desdobramentos

A expedição contribuirá, ainda, para a Revisão do Plano de Bacia, projeto que será desenvolvido entre o segundo semestre de 2019 e primeiro semestre de 2020, pelo CBH-Piracicaba. Uma maior integração da bacia também é esperada como desdobramento. Será realizada exposição fotográfica itinerante nas cidades visitadas pelos expedicionários, entre 2019 e 2020, e será publicada uma revista com a participação de cada município no projeto, além do livro-relatório.

Serão produzidos ainda documentários sobre a Expedição e um especial “A Bacia Vista de Cima”, com filmagens feitas por drone.