Tem o homem da roça. Tem a criança e a professora. Tem o gestor público e o ativista. Tem muita gente que depende do rio se encontrando. Esse é um desenho do que ocorre por onde a Expedição Piracicaba passa. As pessoas querem falar sobre o rio, pois sabem que ele está com água no nariz. Pontes estão sendo reconstruídas e esse é um reflexo decisivo da jornada pelo Piracicaba.
Na comunidade de Capela Branca, em Bela Vista de Minas, o enlace do Santa Bárbara com o Piracicaba oferece um belo espetáculo, mais ainda quando uma Guarda de Nossa Senhora do rosário vem saudar esse encontro.
A Expedição foi recebida pelas águas, pela guarda, pelo prefeito Wilber José, pelo presidente da Câmara Joel do Leite, pela Emater, pelo padre, pelo pastor, por estudantes e por inúmeros produtores rurais.
Integrar a bacia, fazer com que navegantes do mesmo barco deem as mãos, é um dos objetivos da expedição. Incentivar o diálogo tão necessário em uma bacia onde os extremos parecem mais longe do que a geografia aponta. Encurtar essa distância gera resultado. Os comitês das bacias do Piracicaba, do Piranga e do Santo Antônio ampliaram a troca de informações e as tratativas para projetos conjuntos a partir da expedição, por exemplo.
E as soluções são urgentes. O que se viu no sexto dia de descida foi desperdício de beleza. O Piracicaba é formoso, mas está carente. A bacia reserva riquezas, como pontos de mata fechada e remansos luminosos, mas que, para serem aproveitados, precisam estar em harmonia com as águas. No entanto, as águas estendem a mão por ajuda. Perambulando pelas margens do rio, a expedição viu esgoto escorrendo, viu erosão arrancando e levando porções gigantescas de terra para o leito, viu gado e pasto onde deveria crescer árvore.
Não é novidade, mas assusta quando esse alvoroço pula pra dentro do olho. A expedição quer justamente saber quem faz o quê na bacia, quer descobrir a doença de uma família de rios. A gente quer descobrir o que acontece em Bela Vista de Minas e em Nova Era, por onde passamos nesse sexto dia de atividades. Quer eliminar a turbidez que impede sabermos a realidade da bacia. Realidade de ciência, mais certeira do que aquela que todo mundo já percebe pelo nariz.
E a gente volta na importância de unir os atores da bacia. Símbolos são construídos rio abaixo, como o ritmo dos tambores, violões e sanfonas da guarda de congado Nossa Aparecida, de Bela Vista, que veio ofertar bênçãos à nossa empreitada.