Bacia do Piracicaba: O rio nosso de cada dia
Por Thobias Lima de Almeida
Mais de um milhão de pessoas vivem na bacia do Piracicaba e, apesar de a maioria nem perceber, suas vidas dependem, direta ou indiretamente da vida do rio.
Atualmente a qualidade e quantidade das águas do Piracicaba se encontram cada vez mais ameaçadas por ações antrópicas, advindas da ocupação desordenada, esgotamento sanitário, pastagens, mineração e outras atividades que colocam em risco a segurança hídrica da região, bem como a vitalidade de seu depositário, Rio Doce, que nunca precisou tanto de uma boa contribuição.
Diante da atual situação, foi pensada a expedição que tem como objetivo mobilizar as cidades da bacia em prol da revitalização do rio e colher dados para conhecer a realidade da bacia.
Assim nasceu a Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio, uma parceria entre o periódico Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, o CBH Piracicaba e a UNIFEI – Itabira – Profágua.
Um dos objetivos da Expedição Piracicaba, além de entregar um diagnóstico completo sobre as condições das águas da bacia, dentre outros parâmetros, é promover a integração entre os diversos atores dos 21 municípios que compõem esse território.
Integrar a bacia, fazer com que navegantes do mesmo barco deem as mãos. Incentivar o diálogo tão necessário em uma bacia onde os extremos parecem mais longe do que a geografia aponta. Encurtar essa distância gera resultado. E as soluções são urgentes.
A expedição quer justamente saber quem faz o quê na bacia, quer descobrir a doença de uma família de rios e descobrir o que acontece na vida ribeirinha. Quer eliminar a turbidez que impede sabermos a realidade da bacia. Realidade de ciência, mais certeira do que aquela que todo mundo já percebe pelo nariz.
Com essa proposta a Expedição Piracicaba desceu o rio, desde sua nascente até a foz.
Perambulando pelas margens dos rios, a expedição viu esgoto escorrendo, viu erosão arrancando e levando porções gigantescas de terra para o leito, viu gado e pasto onde deveria crescer árvore. Não é novidade, mas assusta quando esse alvoroço pula pra dentro do olho.
Entretanto, a bacia reserva riquezas, como pontos de mata fechada e remansos luminosos, mas que, para serem aproveitados, precisam estar em harmonia com as águas. No entanto, as águas estendem a mão por ajuda.
E a gente volta na importância de unir os atores da bacia. Símbolos são construídos rio abaixo, como o ritmo dos tambores, violões e sanfonas de guardas e grupos que vieram ofertar bênçãos à nossa empreitada.
A Expedição Piracicaba encontrou ao longo da bacia muitos outros com disposição para encarar o trabalho gigantesco de recuperar o rio. Um trabalho importante da iniciativa é justamente promover essa integração, conectar ideias, unir forças, desenhar caminhos comuns. Apesar de parecer abandonado, o Rio Piracicaba ainda tem muitos dispostos a caminhar ao seu lado.
Tem o homem da roça. Tem a criança e a professora. Tem o gestor público e o ativista. Tem muita gente que depende do rio se encontrando. Esse é um desenho do que ocorreu por onde a Expedição Piracicaba passou. As pessoas querem falar sobre o rio, pois sabem que ele está com água no nariz. Pontes estão sendo reconstruídas e esse é um reflexo decisivo da jornada pelo Piracicaba.
Coordenador de Comunicação da Expedição Piracicaba Pela Vida do Rio