#Notícias

Conservadores de água marcam o décimo dia da Expedição

No penúltimo dia da expedição, 4 de junho, as equipes passaram por Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso, completando 20 cidades visitadas. Os caiaques navegaram por cerca de 20 quilômetros o leito do rio na região. E além da tristeza gerada pela degradação, vale destacar os guerreiros dispostos a levantar a voz pela recuperação do Piracicaba. A caravana deparou-se com muitas cabeças que estão acesas quando o assunto é salvar esse patrimônio.
Gente como José Martins da Silva, presidente da Associação Ambiental do Amaro Lanari, um bairro de Coronel Fabriciano cortado pelo Rio Piracicaba. No trecho há uma boa cobertura de mata ciliar, mas o lixo e o esgoto sufocam o curso d’água. “Se não cuidarmos do Piracicaba ele vai virar um rio morto. Aqui tinha peixe, era água limpa, dava para nadar. Era até perigoso, de tanta água”, relembra José Martins.

Lutadores com esse perfil costumam enfrentar batalhas inglórias. Poucos recursos, muitos desafios. Mas não falta força de vontade. Isso foi visto em uma pracinha do bairro, para onde José Martins conduziu a expedição. Cerca de uma dezena de moradores aguardavam ansiosos a chegada dos veículos empunhando cartazes denunciando os maus-tratos que o rio sofre, fazendo referência à Semana Mundial do Meio Ambiente e pedindo ajuda. “O principal para que o rio ganhe vida de novo é preciso concluir as obras da estação de tratamento de esgoto”, afirma.

A Expedição Piracicaba encontrou ao longo da bacia muitos outros com disposição para encarar o trabalho gigantesco de recuperar o rio. Um trabalho importante da iniciativa é justamente promover essa integração, conectar ideias, unir forças, desenhar caminhos comuns. Apesar de parecer abandonado, o Rio Piracicaba ainda tem muitos dispostos a caminhar ao seu lado.

Mobilizações em Coronel Fabriciano

Pela manhã, a Expedição Piracicaba foi recebida no prédio da Secretaria Municipal de Turismo, onde dezenas de produtores rurais e moradores prestigiaram a chegada das equipes. Autoridades municipais, caso do prefeito Dr. Marcos Vinícius da Silva Bizarro, dirigiram palavras de apoio à empreitada de conhecer a realidade do rio. “Temos hoje a maior caixa d’água do Leste de Minas, na Serra dos Cocais, e um dos maiores aquíferos da região. Com certeza, se o Rio Piracicaba não receber um olhar diferenciado, se todos não se conscientizarem, teremos problemas nessa reserva, pois ela também depende do rio”, alerta o prefeito.

O evento contou com a apresentação do grupo Tambores de Cocais, manifestação cultural de raízes africanas que dialoga com o congado. José Santana, ou Mestre Santana, que dá ritmo à orquestra de tambores e também preside a associação Água Ribeirão Cocais dos Arrudas (Arca), diz que a água está em perigo. “Cada dia que passa você acha uma nascente morta. E o Rio Piracicaba mudou do bom para o pior. Balsas muito grandes atravessavam o rio. Hoje, se colocar essa tipo de barco no rio, ele vai servir de ponte, pois não navega mais com esse volume de água”, diz Santana.

Santana do Paraíso

A 20ª cidade visitada pela expedição foi Santana do Paraíso, vizinha a Ipatinga. Mais de 100 produtores rurais compareceram ao evento de mobilização preparado para receber as equipes. A cidade abriga uma das pontas da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba. O proprietário do terreno que marca o início da bacia, Lívio Alvarenga, conta que quatro nascentes produzem água em seus limites. “Elas estão produzindo, mas tem como melhorar, como no caso do cercamento. Principalmente porque na região considero que a água está escassa. Tem como melhorar a qualidade e a quantidade desse bem”, considera.

A prefeita Luzia Teixeira aponta problemas, caso do lançamento de esgoto sem tratamento nos córregos da região. Está em construção na cidade uma estação de tratamento para os resíduos domésticos que, segundo a prefeita, tratará todo o volume gerado na sede urbana. “A água de Santana do Paraíso é captada no Rio Piracicaba. Eu achei muito lindo o desafio da expedição. Lá no início vocês beberam água limpa e no decorrer do percurso depararam-se com situações que deixaram tristeza. É uma iniciativa muito importante”, avalia Luzia Teixeira.