Escolas apresentam trabalhos durante mobilização
A Expedição Piracicaba foi inundada pelo apoio e energia das comunidades de Rio Piracicaba e João Monlevade no quinto dia de descida pela bacia. Com uma grande mobilização nas duas cidades, a recepção às equipes foi coroada por apresentações de projetos de cunho socioambiental, shows musicais, apresentações culturais, exposições de desenhos e muitas palavras de incentivo à iniciativa. A chegada dos caiaques nos eventos atraiu a atenção de todos.
Em Rio Piracicaba, a recepção ocorreu pela manhã. Uma grande concentração de pessoas aguardava as equipes da expedição na Praça Maria do Rosário Caldeira, no Centro da cidade. Alunos da rede municipal de ensino, moradores e autoridades do Executivo e do Legislativo municipais participaram do evento.
Um projeto apresentado durante o encontro chamou a atenção e mostrou como a Expedição Piracicaba pode incentivar práticas ligadas à recuperação do rio. As professoras Juliana Viana e Juliana Cota propuseram aos alunos resgatar o passado do Piracicaba a partir de visitas e conversas com habitantes mais velhos da cidade. O resultado do trabalho estava exposto na praça na forma de fotos, desenhos e histórias.
“O projeto teve início querendo mostrar para as crianças a importância da água. Nada melhor do que usar um recurso da cidade para isso. Assim veio a ideia de despertar nos alunos a importância que o rio tem para os ribeirinhos, para o curso de toda uma vida”, explicou Juliana Viana. “A gente buscou valorizar a importância do rio que corta a cidade, como ele é fundamental para todos, inclusive as gerações futuras”, completou Juliana Cota. A entrevista completa com as professoras está disponível na galeria de vídeos do site.
José Afonso dos Santos, de 65 anos, é nascido e criado em Rio Piracicaba. Ele contou que viveu a infância nas margens do rio, que ainda era limpo e servia como opção de lazer para os moradores. “Hoje a gente não tem coragem nem de passar perto dele”, comparou.
João Monlevade
A Expedição Piracicaba chegou a João Monlevade no meio da tarde, onde era aguardada por centenas de pessoas, entre estudantes, autoridades municipais e moradores de áreas próximas ao rio. Os caiaques foram o centro das atenções para as crianças, que organizaram filas para tirar fotos dentro das embarcações. Distribuição de mudas, exposição de desenhos, shows musicais e apresentações de alunos completaram a recepção à expedição, que ocorreu na Avenida Beira Rio.
“Estou muito satisfeita, a expedição vai ficar no coração não só dos ambientalistas, mas de todos nós. É algo inédito e muito importante não só em João Monlevade, mas em toda a bacia”, comentou a secretária de Meio Ambiente do município, Fernanda Ávila.
Sabrine Moreira, de 11 anos, foi uma das estudantes que participaram de uma apresentação de cordel onde foram recitados os 10 mandamentos da água. A jovem mostrou estar consciente do papel de toda a sociedade para interromper a degradação do Rio Piracicaba. “Eu vejo as pessoas jogando lixo, papel, produtos químicos, esgoto, tudo no rio. A gente tem que diminuir a poluição para conseguir ajudar o Piracicaba”, ensinou Sabrine.
Ocupação da Bacia
O destaque científico do dia foi apresentado pela professora da Unifei, Eliana Maria Vieira, uma das integrantes do corpo técnico da expedição. Especialista em geoprocessamento, ela adiantou um dos problemas já detectados na Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba com relação ao uso e ocupação do solo. “Nós constatamos que ao longo dos anos está ocorrendo uma supressão da vegetação ao longo do rio”, salientou.
A análise de uso e ocupação do solo ocorre a partir da comparação de imagens de satélite de várias épocas. A partir dessa comparação, tem-se conhecimento sobre variáveis como o avanço de manchas urbanas e o desflorestamento ao longo das margens do Piracicaba e afluentes.
A entrevista completa com a professora Eliana Maria Vieira está disponível na galeria de vídeos, assim como toda a cobertura das atividades da Expedição Piracicaba.