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Expedição Piracicaba encerra primeira fase em Ipatinga

A primeira etapa da Expedição Piracicaba foi encerrada em 5 de junho, em Ipatinga, no Vale do Aço, data em que é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Os integrantes chegaram à cidade divididos em duas equipes, Terra e Água. Enquanto a primeira participou de uma solenidade de encerramento com autoridades e comunidade local, no Parque Ipanema, a segunda promoveu o ato simbólico de despejar a água cristalina da nascente do Piracicaba na foz, no encontro com o Rio Doce, onde o curso dágua encontra-se bastante poluído.

O objetivo foi chamar a atenção para a degradação do rio provocada pelo homem ao longo dos 241 quilômetros do seu leito. Cerca de dois litros de água foram recolhidos no início da expedição, na Serra de Capanema, em Ouro Preto, onde fica a nascente do Piracicaba. No Parque Ipanema outro ato simbólico foi realizado. No palco da cerimônia, o capitão Átila Porto, da Polícia Militar de Meio Ambiente (PM Mamb), o coordenador da expedição, Geraldo Magela Gonçalves – Dindão, e o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba (CBH-Piracicaba), Flamínio Guerra, brindaram e beberam a água captada no marco zero do rio, demonstrando que ele oferece água de qualidade.

A Expedição Piracicaba é uma pesquisa inédita sobre as condições do rio de mesmo nome e seus afluentes. Iniciada no dia 26 de maio, é uma iniciativa do jornal Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, idealizada e organizada pelo seu editor, Geraldo Magela Gonçalves – Dindão e pelo CBH-Piracicaba, sob coordenação técnica da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), campus Itabira.

Durante os 11 dias de navegação, os participantes vivenciaram diferentes experiências relacionadas ao rio e suas comunidades, além de observarem a situação em que o Piracicaba se encontra, desde a nascente, no distrito de São Bartolomeu (Ouro Preto), até a foz, no encontro com o Rio Doce, em Ipatinga.

Pesquisadores, ambientalistas, órgãos públicos, empresas e outros parceiros se uniram para que um diagnóstico inédito sobre as condições do Piracicaba e sua bacia hidrográfica fosse levantado. A partir dos dados coletados serão estudados parâmetros hidrológicos e de qualidade da água, microcontaminantes, uso e ocupação do solo, análise de sedimentos e identificação de fontes poluidoras.

Foram demarcados 28 pontos de coleta ao longo do percurso de 241 quilômetros, onde vivem cerca de 1 milhão de pessoas. Durante a viagem, feita em caiaques e veículos, os expedicionários passaram por 21 cidades e mobilizaram cerca de 20 mil pessoas em eventos voltados para as questões socioambientais relacionadas à sustentabilidade do Rio Piracicaba.

Acompanhando a expedição desde o início, o analista ambiental do Igam Allan Oliveira Motta pode observar os impactos da ocupação desordenada da bacia. Segundo ele, em sua nascente, na região do Alto Piracicaba, a água é gelada e cristalina. Também foi possível observar uma fauna e flora abundante em alguns pontos do percurso. No entanto, ao longo do trajeto, principalmente próximo às manchas urbanas, a água perde qualidade e volume devido ao assoreamento, lançamento de esgoto sem tratamento, descarte indevido de lixo – principalmente de recicláveis, como plásticos e pneus –, desmatamento de matas ciliares, entre outros impactos ambientais.

O analista destaca que a população se mostrou muito engajada com as ações da expedição e preocupada com a preservação do rio. “Fomos muito bem recebidos nos municípios que passamos. A expedição está mobilizando bastante as comunidades locais. Elas têm gostado muito de nos receber e participar das ações promovidas”, conta.

No site www.expedicaopiracicaba.com, uma equipe de jornalismo, que fez a cobertura in loco de todas as atividades, relatou detalhes de cada dia da viagem, com vídeos, fotos e textos.

O envolvimento da comunidade com as ações realizadas nos municípios ganha destaque, como a de Dona Ninica, 66 anos, que faz parte do grupo Lavadeiras da Prainha, de São Gonçalo do Rio Abaixo. Ela e outras 13 senhoras realizaram uma apresentação de cantigas para a comunidade local (que eram entoadas antigamente pelas mulheres que lavavam roupa à beira do Rio Santa Bárbara – principal afluente do Piracicaba – e riachos da região). “Eu lavei muita roupa no rio. Eu tinha 10 anos e ia com minha mãe lavar roupa, lavar vasilhas, ficava lá quase o dia todo. A gente bebia água do rio, era clarinha”, relembrou.

Sustentabilidade do Rio Piracicaba

Relevante para futuras ações na Bacia do Piracicaba, o diagnóstico realizado pela expedição destacará a importância da sustentabilidade do rio. A sua preservação é essencial para todos, já que envolve as mais diversas áreas como: turismo, cultura e gestão das águas. “O conceito da expedição apresenta a situação do rio, do ponto técnico e da qualidade da água, e ainda promove a aproximação da sociedade com as ações do Comitê de Bacia”, afirma o diretor de Gestão e Apoio ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Igam, Thiago Santana.

Idealizador do projeto e editor do periódico Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, Dindão ressalta que “a Expedição Piracicaba irá desenvolver um ótimo trabalho para toda a bacia, com o compromisso de compor um retrato inédito de um dos principais afluentes do Rio Doce”.

Outros desdobramentos

A expedição contribuirá, ainda, para a Revisão do Plano de Bacia, projeto que será desenvolvido entre o segundo semestre de 2019 e primeiro semestre de 2020, pelo CBH-Piracicaba. Uma maior integração da bacia também é esperada como desdobramento. Será realizada exposição fotográfica itinerante nas cidades visitadas pelos expedicionários, entre 2019 e 2020, e será publicada uma revista com a participação de cada município no projeto, além do livro-relatório.

Serão produzidos ainda documentários sobre a Expedição e um especial “A Bacia Vista de Cima”, com filmagens feitas por drone.

Também são parceiros da expedição a todas as prefeituras da Bacia, a Agência Nacional de Águas (ANA), Emater, CBH Doce, Amepi, Amva, Oak Energia, SAAE de Itabira, DAE Monlevade, Libertas Aventura, Serenity Comunicação, Rac Aluguel de Carros, Conhecoumlugar.com, Pé Pu Pé – Caminhos Legais, Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente (Cia Mamb), Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, entre outros. A expedição é patrocinada pela Usiminas, Gerdau, Cenibra, ArcelorMittal – Usina Monlevade e ArcelorMittal – Mineração Andrade, Bemisa, Câmaras Municipal de Rio Piracicaba, João Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo, Bela Vista de Minas, Nova Era, Barão de Cocais, São Domingos do Prata.

Para saber mais sobre a expedição acesse o site www.expedicaopiracicaba.com

Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio

• Início: 26/5 – Mariana
• Encerramento: 5/6 – Ipatinga
• 21 cidades percorridas / 1.600 km rodados
• 16 pesquisadores envolvidos
• 82 parceiros, entre órgãos públicos, empresas, ONG’s e lideranças sociais e ambientais
• 37 indicadores serão contemplados na elaboração do diagnóstico da bacia

Rio Piracicaba e sua Bacia Hidrográfica

• A bacia tem 5.465 quilômetros quadrados de área.
• O Rio Piracicaba tem 241 quilômetros de extensão.
• Os principais afluentes são os rios Turvo, Conceição, Una, Machado, Santa Bárbara, Peixe e Prata.
• Cerca de 100 córregos e ribeirões deságuam no Rio Piracicaba.
• O bioma predominante da bacia era a Mata Atlântica. No entanto, mais de 90% da cobertura vegetal original foram perdidos. O Parque Estadual do Rio Doce, o Parque Nacional Serra do Gandarela e a RPPN Caraça são suas principais unidade de conservação.
• O Rio Piracicaba tem topografia acidentada e alto índice de erosão.
• A Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba abriga o maior parque siderúrgico da América Latina, que, em conjunto com a mineração, forma a principal atividade econômica da região.